Nosso Brasil – A Viola Caipira

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Um instrumento que retrata a “brasilidade” da nossa música, sendo um dos primeiros instrumentos inseridos em nossa cultura pelos portugueses durante a colonização do Brasil. Vamos conhecer um pouco da história da Viola Caipira.

História

Nascida supostamente na Europa por volta do ano 1300, a viola é descendente de um instrumento árabe chamado guitarra mourisca. Com a invasão árabe na Península Ibérica por volta do ano 650 toda cultura árabe foi despejada na região que conhecemos hoje como Portugal e Espanha.

Por volta do ano 1000 surge um instrumento chamado de guitarra latina, mais tarde chamada de guitarra renascentista e por volta do ano de 1300 surgem na Espanha dois instrumentos derivados da guitarra renascentista: a guitarra barroca com cinco pares de cordas e a vihuela com seis pares de cordas. Estes dois instrumentos então foram introduzidos em Portugal com o nome de viola (aportuguesamento de vihuela) por volta do ano 1350.

A viola caipira chegou ao Brasil vindo de Portugal no período da colonização (por volta de 1550, com dez cordas) trazida pelos jesuítas e colonizadores portugueses, com a intenção de utilizá-la na catequização dos índios. Na Europa, no Séc. XV e, sobretudo no Séc. XVI já era muito difundida e considerada o principal instrumento dos trovadores na Europa.

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Almeida Junior (O Violeiro – 1899)

Influência na Cultura

Aqui no Brasil, com o tempo a viola foi entrando em contato com outras culturas (principalmente a africana e a indígena), adquirindo características próprias e se “abrasileirando” de acordo com cada região do país. Existem dois grandes focos da viola no Brasil e com manifestações musicais bem diferentes:

  • No Nordeste a viola é mais conhecida como viola sertaneja e seu uso mais comum são nos repentes e emboladas (desafios) e sua afinação e formato são bem semelhantes ao do violão. Outra característica dos violeiros típico do nordeste são os duelos de tocadores. Todo bom violeiro se auto afirma o melhor da região. Se outro violeiro o contraria, o duelo está começado.
  • No Centro – Sul abrangendo principalmente os estados do Mato Grosso, Goiás, Minas, São Paulo e Paraná, daí a viola já é mais conhecida como viola caipira, já um instrumento bem menor que o violão sendo suas afinações mais comuns o Cebolão (em E maior e D maior), afinação Boiadeira e Rio Abaixo. Nessa região a viola é utilizada nas modas de viola, oriunda das modas portuguesas da segunda metade do século XVIII, e tem como característica principal o canto a duas vozes, tão marcante hoje na música rural brasileira.

Em certas regiões, por tradição, as violas carregam pequenos chocalhos feitos de guizo de cascavel, pois segundo a lenda, tem poder de proteção para a viola e para o violeiro. Segundo contam os violeiros de antigamente, o poder do guizo chega a quebrar as cordas e até mesmo o instrumento do violeiro adversário.

O instrumento

A viola é um instrumento com um potencial fora do normal. É menor que o violão, tem dez cordas, dispostas em 5 pares. Os dois pares mais agudos são afinados na mesma nota e mesma altura, enquanto os demais pares são afinados em oitavas. Estes pares de cordas são tocados sempre juntos, como se fossem uma só corda.

Existem muitas explicações para os nomes das cordas, mas certamente são todos de origem portuguesa: prima e contra prima ou primas; requinta e contra-requinta, ou segundas; turina e contra-turina; toeira e contra-toeira; canotilho e contra-canotilho.

Uma característica que destaca a viola dos demais instrumentos é que o ponteio da viola utiliza muito as cordas soltas, o que resulta um som forte e sem distorções, se bem afinada. As notas ficam com timbre ainda mais forte pois este é um instrumento que exige o uso de palheta, dedeira ou principalmente unhas compridas, já que todas as cordas são feitas de aço e algumas são muito finas e duras.

Em diversos trechos do livro Grande Sertão: Veredas (Guimarães Rosa) o personagem principal, Riobaldo, fala da viola e vemos que ele conhecia as famosas violas de Queluz (hoje, Conselheiro Lafaiete) município mineiro que chegou a ter 15 fábricas do instrumento. Hoje, existem numerosas fábricas e também lutierias artesanais e alguns desses artesãos se tornaram conhecidos nacionalmente como, por exemplo, Zé Coco do Riachão.

Hoje em dia é possível encontrar violas fabricadas em larga escala por marcas como Rozini e Gianinni e também por luthiers que perpetuam a tradição artesanal de fabricar esse instrumento (veja aqui uma lista de luthiers no Brasil).

Grandes Violeiros Brasileiros

Temos na história grandes nomes da viola nacional que marcaram gerações, e alguns que ainda são os responsáveis por levar essa arte ás gerações que ainda virão. Abaixo temos os nomes de alguns deles:

Zé Carreiro e Carreirinho

Roberto Corrêa

Renato Teixeira

Almir Sater

Tião Carreiro e Pardinho

 

Fontes: www.netostefani.com.br, Wikipedia, www.violacaipira.com.br

 

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