Popularizado por artistas como Graham Bond, The Beatles, Yes, David Bowie, Led Zeppelin, King Crimson e The Moody Blues, que se encantaram pelos timbres e pelo que esse predecessor dos sintetizadores e samplers proporcionava, vamos conhecer um pouco da história do Mellotronics Mellotron.
História
O “Sampleamento” (uso de Samples) é uma técnica de produção musical muito utilizada nos dias de hoje para obter sons e timbres diferentes, e embora possamos pensar na década de 1980 como a década que deu o pontapé inicial do fenômeno, suas origens remontam a uma época muito anterior.
No final da década de 1940 (entre 1948 e 1949), em Wisconsin, EUA, Harry Chamberlin inventou um instrumento que reproduzia áudio pré-gravado a partir de uma fita magnética. O Chamberlin Rhythmate 100 era equipado com 14 loops de bateria, se tornando a primeira drum machine do mundo. Modelos posteriores incorporaram um teclado junto com sons pré-gravados como violinos e flautas.
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Chamberlin Rhythmate 100
Problemas com a produção em massa desse projeto inovador levaram Chamberlin e o vendedor Bill Fransen ao Reino Unido em 1962, para procurar um fabricante que pudesse fornecer um reprodutor de 70 cabeças de fita-replay. Eles conheceram Leslie Bradley, da Bradmatic Ltd, – uma empresa de engenharia eletromecânica baseada em Birmingham – que poderia fornecer as cabeças de reprodução necessárias. Fransen havia trazido dos EUA duas unidades do modelo Chamberlin 600 Music Masters e os mostrou a Leslie e seus irmãos, Frank e Norman, que concordaram que eles poderiam melhorar o projeto e produzi-lo em massa.
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Chamberlin 600 Music Master
Os irmãos Bradley fundaram uma nova empresa chamada Mellotronics (nome baseado nas palavras melodia – melody e eletrônica – electronics), juntamente com Eric Robinson e o mágico da TV David Nixon que lidavam com o marketing, vendas e distribuição do novo Mellotron, enquanto os Bradleys cuidavam da fabricação do Mellotron. Porém os investidores acreditavam que o instrumento era uma invenção de Chamberlin e Fransen; no entanto, a visita de um muito descontente Harry Chamberlin aos irmãos Bradley fezs com que a história fosse “passada a limpo”, e a Mellotronics concordou em pagar a Chamberlin o total de £ 32.000 para usar a tecnologia.
As fitas master para o Mellotron foram gravadas nos estúdios IBC em Londres por Allen e Glyn Johns Stagg. Foram incluídos sons de vários instrumentos tais como violoncelo, flauta, grupos de cordas, metais e coros, e acompanhamentos instrumentais completos em vários estilos musicais.
Em 1963 surgiu o Mellotron Mark I, contou com dois teclados polifônicos de 35 teclas, um para tocar os acompanhamentos e o outro para tocar acordes ou solos. Cada tecla, quando pressionada, acionava um comprimento de fita que corria por oito segundos antes de rebobinar rapidamente ao ponto de partida. Inicialmente, o instrumento foi comercializado para uso doméstico, e com um preço de varejo de cerca de £ 1,000 – uma soma considerável de dinheiro em 1963. Seguindo algumas pequenas modificações, o Mark II foi lançado em 1964, permanecendo em produção por vários anos.
Em 1965, o Mellotron já tinha chamado a atenção de músicos profissionais como Graham Bond, que se tornou o primeiro a usar um em um lançamento comercial. Em 1967, The Beatles usou o Mellotron na música “Strawberry Fields Forever”, que é sem dúvida uma das músicas com os 4 compassos de introdução mais famosos feitos com o Mellotron.
O Mark II foi usado em centenas de gravações em estúdio durante a última metade da década de 60, mas se mostrou inviável como um instrumento para uso no palco devido ao seu peso e instabilidade. Porém em 1970 foi lançado o M400, um Mellotron verdadeiramente portátil. Ao contrário dos modelos anteriores, o M400 contou com uma fita-frame removível para facilitar a seleção de sons diferentes. Ele se tornou o modelo de maior sucesso da empresa, e foi muito usado nas gravações das bandas Genesis, Led Zeppelin, Yes e inúmeros álbuns de prog-rock durante os anos 70. Até o início dos anos 1980, no entanto, o Mellotron tinha se tornado fora de moda devido a chegada dos sintetizadores polifônicos.
Porém na década de 1990 o Mellotron foi redescoberto por bandas como Radiohead e Oasis (que usou o som de violoncelo em Wonderwall). Hoje em dia é possível encontrar amostras digitais em VST’s e recriações em Sintetizadores atuais, garantindo que o som “instável” do Mellotron tenha uma vida longa.